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PRESS RELEASE - 07 novembro de 2006:
Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas: FBOMS cobra metas dos
países industrializados e medidas claras para conter o desmatamento
tropical
Incluir o desmatamento num mecanismo forte sob a Convenção de Clima
ou o Protocolo de Quioto, baseado num firme compromisso que possa,
numa transferência de recursos, dar suporte aos esforços contínuos
de redução de desmatamento. É uma das reivindicações do FBOMS para a
atual rodada de negociações sobre as mudanças climáticas (COP-12)
que se iniciou esta segunda-feira, dia 6 de novembro, em Nairobi
(Quênia). As posições do FBOMS foram divulgadas no documento
"Relatório de Posição na CoP 12/CoP-MoP2 negociações em Nairobi".
Impedir impactos climáticos catastróficos exige um avanço
significativo na rodada atual de negociações, com vista no
fortalecimento do regime climático internacional no período
posterior a 2012. Para evitar uma catástrofe climática, as atuais
negociações precisam gerar um acordo que possa estabilizar as
emissões de gases do efeito-estufa, iniciar uma redução das mesmas
por volta de 2015 e estabelecer o corte pela metade das emissões
globais até 2050. Para isso, todos os países com emissão
significativa deveriam adotar posições avançadas nas negociações
para alcançar um acordo global até 2008 ou 2009, no máximo.
Paralelamente aos profundos cortes de emissões de gases nos países
industrializados, muitos países em desenvolvimento, incluindo o
Brasil, precisam avançar além de medidas voluntárias e assumir
compromissos diferenciados que assegurem uma divisão justa,
eqüitativa e efetiva das responsabilidades, limitações e reduções
das emissões. "Isso exigirá progressos dramáticos nas negociações
internacionais, e para alcançar isso todos os países precisam
trabalhar para a criação de um círculo virtuoso, no qual avanços
tanto de países desenvolvidos quanto em desenvolvimento apóiem
mutuamente cada um e permitam que ambos os lados façam o maior
esforço possível, evitando um impasse que resulte em esforços
pífios", avalia Rubens Born, coordenador do Grupo de Trabalho (GT)
Mudanças Climáticas do FBOMS.
Países industrializados devem diminuir drasticamente as taxas de
emissão
Dos países ricos industrializados listados no Anexo 1 da Convenção,
o FBOMS pede que efetuem um rápido progresso na taxa de redução de
suas emissões domésticas, demonstrando rapidamente que vão cumprir e
até ir além dos compromissos do Primeiro Período do Protocolo (CP-1)
entre 2008 e 2012. Além disso, eles precisam concordar com metas de
redução muito mais ambiciosas para o segundo período de compromisso
(CP2), colocando esses países na rota da redução das suas emissões
coletivas para no mínimo 30% até 2020 e de 60%-80% até 2050.
Precisam também fornecer uma transferência substancial e contínua de
recursos e tecnologias para dar suporte a países em desenvolvimento
nos seus esforços de limitação e redução de emissões desses gases, e
fornecer grandes recursos para adaptação aos impactos das mudanças
climáticas, especialmente para os países menos desenvolvidos e mais
vulneráveis.
Países em desenvolvimento com diferentes tipos de compromissos
Com relação aos países em desenvolvimento, Temístocles Marcelos,
secretário-executivo do FBOMS, enfatiza que "é o momento certo para
que vários países em desenvolvimento se preparem para avançar nas
suas contribuições e esforços para reduzir as emissões globais por
meio do regime multilateral de mudança climática para o período após
2012". Segundo o documento do FBOMS, os países em desenvolvimento
não podem esperar que essa rodada atual de negociações aconteça nos
termos do ultrapassado quadro de negociações fixado no "Mandato de
Berlin" mais de uma década atrás, que estava restrito a discutir
apenas compromissos para os países industrializados do Anexo 1.
Também é necessário abrir uma discussão sobre diferentes tipos de
compromissos e outras contribuições para países em desenvolvimento
com emissão substancial e crescente - incluindo a entrada no Anexo
1/B de alguns países recém-industrializados com altas taxas de
emissão e lucros (como a Coréia do Sul, Cingapura e o Kuwait). Com
base no princípio das Responsabilidades comuns, porém diferenciadas
o FBOMS acredita ser necessário identificar formas justas e
razoáveis de distinguir diferentes oportunidades e capacidades de
ações entre os países em desenvolvimento.
Brasil deverá aceitar diálogo sobre compromissos adicionais
A posição atual do Brasil nas negociações, principalmente na
insistência em não aceitar o diálogo sobre os compromissos
adicionais além de medidas voluntárias, poderá ser um obstáculo
significante no progresso em prol de um acordo mundial mais
fortalecido e efetivo. O Brasil poderia contribuir enormemente com a
proteção do clima, retornando ao seu papel de vanguarda nas
negociações como ocorrido durante a década de 90, quando o país
funcionou como um facilitador e construtor de consensos, tanto entre
os paises do G77 e entre o Norte e o Sul. O Brasil está numa posição
privilegiada, já que a maior parte de suas emissões vem de uma fonte
- desmatamento - causadas por atividades que são claramente ilegais,
contrárias aos interesses do país e do mundo, e para a qual o país
tem uma política estabelecida de controle e prevenção. Assim,
reduzir drasticamente essa fonte de emissão criará uma série de
outros benefícios ambientais e sociais. Dada a relutância prévia do
Brasil em discutir medidas sérias de redução do desmatamento no
âmbito de qualquer negociação multilateral, a proposta de um fundo
internacional para recompensar países em desenvolvimento que
reduzirem suas emissões derivadas de desmatamento tropical é um
instigante passo adiante. A proposta contém elementos como um
mecanismo que recompensa e penaliza nos casos de reduções e aumentos
nas emissões provenientes dessa fonte. "Contudo, o fato de que esse
financiamento recai sobre contribuições voluntárias de outros países
para o fundo, e não envolve nenhum mecanismo de crédito dentro do
Protocolo de Quioto ou qualquer outro tipo de compromisso no âmbito
da Convenção ou do Protocolo, reduz sua probabilidade de ter um
impacto significante nos índices de desmatamento", explica Adilson
Vieira, da coordenação do GT Mudanças Climáticas do FBOMS e
Secretário-Geral do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).
Recomendações do FBOMS para um bom desfecho das negociações
Para as negociações na COP-12 em Nairobi, o FBOMS recomenda, além de
desenvolver a proposta existente para o desmatamento, dar suporte a
um processo de negociação, seja sob o Artigo 9 do Protocolo ou em
outros processos, que possa produzir um "pacote" compreensivo de
compromissos e contribuições de todos os países, com base no
princípio de responsabilidades comuns mas diferenciadas, com emissão
significativa capazes de parar o aumento de emissões globais,
começando a reduzi-las por volta de 2015 ou logo depois.
Em nível nacional, o FBOMS sugere realizar e concluir uma discussão
nacional envolvendo cientistas, membros políticos, autoridades e a
sociedade civil, para a adoção de um limite no avanço do aquecimento
global e impactos associados que seriam aceitáveis para o Brasil.
Também propõe que o Brasil assuma uma posição de liderança no começo
imediato de discussão com países em desenvolvimento sobre qual é uma
divisão justa e igualitária dos esforços de redução das emissões
globais. Nesse processo o Brasil poderia se basear em esforços já
existentes como o "South North Dialogue on Equity in the Greenhouse",
e a Proposta de São Paulo do Projeto BASIC, os quais envolveram
especialistas brasileiros e geraram contribuições valiosas para
desenvolver critérios e processos justos para a repartição do
esforço global de proteção do clima no período após 2012.
O Fórum Brasileiro de Organizações Não Governamentais e Movimentos
Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) foi fundado
em 1990 para facilitar a participação de grupos da sociedade civil
brasileira durante o processo da Rio-92 (Conferência das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento - UNCED). Desde então,
o FBOMS se tornou uma rede com mais de 500 organizações
não-governamentais, redes e federações de ambientalistas,
sindicatos, associações populares, seringueiros, e grupos de
mulheres, jovens e consumidores engajados em políticas e ações
locais, nacionais e globais para a sustentabilidade.No âmbito do
FBOMS, o Grupo de Trabalho sobre Mudanças Climáticas vem, desde
1992, ajudando e organizando seus membros para a participação,
monitoramento e análise de políticas nacionais e internacionais
sobre mudanças climáticas. O GT Clima também trabalha como
representante nacional da Rede Internacional de Ação de Clima (Climate
Action Network - CAN). www.fboms.org.br
Contatos de membros do GT Clima/FBOMS:
Rubens Born: rborn@vitaecivilis.org.br 011 8244.7918. - Mark Lutes
lutes@allnet.com.br skype <marklutes> - Karen Suassuna ksuassuna@yahoo.com.br
- Adilson Vieira adilsonv@vivax.com.br 092 9623.1415 - Carlos Rittl
carlos.rittl@amazon.greenpeace.org
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