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Propostas dos GTs do FBOMS para o PPA
Durante o encontro do FBOMS aconteceram, na
tarde do dia 23 de abril de 2003, reuniões
específicas de cada GT. Além da pauta específica,
foram observados alguns pontos a serem abordados por
cada GTs:
(1) Estratégias de sinergia e maior integração entre
os GTs devido ao aspecto da transversalidade de
muitos temas, o qual mostra a importância de ações
comuns dos GTs;
(2) O levantamento de indicadores de
sustentabilidade pelos GTs;
(3) A importância de um sistema de informações
cientificas e tecnológicas de suporte.
Veja quais são os principais resultados das reuniões
dos GTs e as propostas para o PPA que foram
elaboradas.
GT Agenda 21
GT Clima
GT Energia
GT Comércio e Meio Ambiente
GT Sociobiodiversidade
GT Água
GT Florestas
1. GT Agenda 21
Panorama:
A Agenda 21 Brasileira foi construída através de um
processo inédito de consulta à população que uniu
cerca de 40.000 indivíduos, membros de ONGs,
movimentos sociais, universidades, setor produtivo,
dentre outros, por um período de 5 anos (1997-2002).
Desde o início houve o engajamento do Fórum
Brasileiro das ONGs e Movimentos Sociais para o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS), que atuou na
formação da Comissão de Políticas de Desenvolvimento
Sustentável e Agenda 21 (CPDS), e dela tem
participado por meio de seus representantes. Ainda
em 2003, acontecerão dois grandes eventos a nível
nacional relacionados com a Agenda 21: Será
realizada uma Conferência sobre metodologias de
implantação de agendas locais; e uma Conferencia
Nacional ampliada que acontecerá no final do ano,
abordando a implementação de Agendas 21 Locais.
Propostas do GT Agenda 21 para o PPA:
I - Sub-programa de desenvolvimento de um sistema de
indicadores para aferir a sustentabilidade
Trata-se da convergência dos indicadores existentes
para um único Índice de Desenvolvimento Sustentável
(IDS) Nacional para a Agenda 21 Brasileira e demais
programas correlatos.
Principais Ações:
1. Levantar e sistematizar os diferentes índices
existentes através de parcerias nacionais e
internacionais.
2. Realizar oficinas preparatórias para a
Conferência Nacional do Meio Ambiente.
3. Desenvolver e disponibilizar um software para a
medição uniforme do desempenho das Agendas 21
Locais.
4. Avaliar e divulgar os índices levantados
anualmente.
II - Sub-programa de Implementação de Agendas 21
Locais
Principais Ações:
1. Formar 1 milhão de pessoas, entre gestores e
lideranças locais, combinando estratégias
eletrônicas e presenciais.
2. Atualizar, sistematizar, avaliar e disponibilizar
o Cadastro de Experiências de Agendas 21 Locais
(MMA) de acordo com o IDS (sub-programa I)
elaborado.
3. Alocar recursos financeiros e humanos para a
elaboração e implementação de Agendas 21 Locais em
1.500 municípios brasileiros (30% do total)
priorizados de acordo com os seguintes critérios:
distribuição espacial, população, biomas, unidades
sócio ambientais (Ex: Bacias Hidrográficas).
III - Sub-Programa de Educação para a
Sustentabilidade
Principais Ações:
1. Introduzir cursos de Agenda 21 no sistema de
ensino formal, em universidades e cursos de
extensão.
2. Apoiar a implementação de Agendas 21 Locais
através da confecção e veiculação de programas
educativos para a grande mídia e para mídias
alternativas (ex: rádios comunitárias) com a
participação das diversas redes nacionais e locais
existentes.
Outras prioridades:
" Mudar o status da Agenda 21 Brasileira de
sub-programa do Programa de Meio Ambiente para
Programa do PPA Nacional.
" Fortalecimento do corpo político através da
ampliação das vagas da sociedade civil e do Fboms no
Conselho de Políticas de Desenvolvimento Sustentável
(CPDS) - garantia de 50% das vagas para a sociedade
civil - com o objetivo de estabelecer a necessária
interlocução da Agenda 21 com a sociedade e
desenvolver mecanismos para apoiar a implementação
de agendas 21 locais.
" Internalização da Agenda 21 no MMA e dentro dos
outros Ministérios.
2. GT Clima
Panorama:
O GT Clima se reuniu para avaliar os novos desafios
para a implementação da Convenção de Mudança de
Clima e do Protocolo de Quioto, além de avaliar as
perspectivas para a política nacional nesse tema. A
data do próximo encontro do GT ficou definida para
meados de outubro, antes da próxima Conferência das
Partes (COP-9) da Convenção de Mudanças Climáticas,
em Milão, e da Conferência Nacional de Meio
Ambiente. O GT ainda definiu que o tema de mudança
de clima pudesse ser lidado de forma mais
transversal, associando-o a temáticas e políticas
correspondentes a energia, florestas, águas,
transporte, etc.
Houve consenso que o GT Clima e seus integrantes
estejam associados à rede internacional CAN -
Climate Action Network, buscando trazer as
perspectivas de ONGs e movimentos sociais de países
em desenvolvimento para essa coalizão com forte
presença em negociações internacionais da Convenção
de Clima e do Protocolo de Quioto. Também foi
discutida a possibilidade do escritório da CAN estar
sediado no Brasil, o que ampliaria as chances de
maiores contribuições das ONGs e movimento sociais
nesse regime internacional.
Propostas do GT Clima para o PPA:
I. - Programa Integrado de Mudanças Climáticas.
(Incluindo o monitoramento de emissões decorrentes
de obras de infra-estrutura)
II. - Programa de Redução de Emissões Provenientes
da Mudança do Uso do Solo
Principais ações:
1. Criação de unidades de conservação.
2. Redução do desmatamento.
3. Recuperação de áreas degradadas e APPs.
4. Revisão da política de assentamentos na Amazônia.
5. Tratamento da agrofloresta como política pública.
6. Prevenção e combate a incêndios florestais.
7. Alteração do PNF - Programa Nacional de
Florestal.
8. Implantação de um programa de licenciamento e
monitoramento florestal utilizando sistemas de
geoprocessamento por imagens de satélite/Sistemas de
Informação Geográficas (SIG).
III. - Programa de Redução de Emissões através de
ações na Matriz Energética
Principais ações:
1. Eletrificação rural através da energia renovável.
2. Aumento da produção de energia renovável.
3. Universalização do acesso à energia.
4. Utilização da energia do gás de aterros.
5. Fim do Programa Prioritário de Termoeletricidade
- (PPT).
IV. - Programa Cidades mais Limpas
Principais ações:
1. Implementação do Programa Nacional de Transportes
Coletivos, Alternativos e Limpos.
2. Maior investimentos em transporte coletivo.
3. Conversão de frotas de ônibus para gás.
4. Investimentos em biodiesel.
5. Implantação de ciclovias.
6. Aumento de áreas verdes.
7. Utilização do gás de aterros sanitários.
Outras prioridades:
" Capacitação da sociedade civil e difusão de mais
informações sobre a temática junto aos formadores de
opinião.
" Incentivo para redução de consumo de energia.
" Detalhamento de regras do Protocolo de Quioto, no
âmbito dos certificados temporários de seqüestro de
carbono e das obrigações depois de 2012 (princípios
e equidade).
" Definição de critérios de sustentabilidade
sócio-econômica e ambiental nos projetos MDL
(Mecanismos de Desenvolvimento Limpo).
" Criação de um Grupo de Trabalho sobre Mudanças
Climáticas no Conselho Nacional de Meio Ambiente
(Conama).
" Deliberação junto ao Conama para a inclusão de
questões de mudança de clima no licenciamento
ambiental.
" Apoio à migração do tema mudanças climáticas do
MCT para o MMA.
" Divulgação do Inventario de Emissões Brasileiras.
3. GT Energia
Panorama:
Depois da Rio+10, o GT Energia viveu um ativismo
voltado a evitar grandes projetos energéticos do
país, motivado pelo temor de que a usina nuclear de
Angra 3, a hidrelétrica de Belomonte e vários
projetos para instalação de termoelétricas à carvão
no país fossem aprovados. O debate no GT Energia é
dominado pela proposta que se faça uma reavaliação
da matriz dos programas energéticos brasileiros,
mudando para uma política mais sustentável voltada
para atender as necessidades da população. Em
contraponto às críticas ao atual modelo, o GT
Energia apóia a diversificação da matriz energética,
apoiando principalmente a produção energética a
partir da energia eólica e da energia solar
(energias limpas), justificada pelo fato que o
Brasil é rico nas duas fontes.
O GT Energia se reuniu no último dia 22 de maio com
a Ministra Marina Silva para apresentar a Plataforma
do GT Energia na defesa das energias renováveis.
Para reforçar as suas reivindicações, o GT Energia
visitou, ainda em abril, o Ministério de Minas
Energia e vários deputados. Para este ano, está
planejado um seminário, promovido pelo Fboms, que
envolverá diversos setores do país para definir o
Plano Plurianual de Investimentos no setor
energético. Dentro do Fboms, estratégias de trabalho
e articulação propostas pelo GT Energia incluem a
atuação transversal com outros GTs (Clima, Água,
Comércio e Meio Ambiente) e a regionalização do
Fboms.
Propostas do GT Energia para o PPA:
" Revisão do modelo industrial que prioriza o
estabelecimento de indústrias energointensivas e que
exigem o investimento em megaprojetos para produção
de energia (hidroelétricas da Amazônia - Belo Monte
e sistema Araguaia -Tocantins, a usina de Angra 3 e
as térmicas a carvão).
" Realização de auditorias nas instalações
energéticas que têm gerado passivos sociais e
ambientais.
" Criação de um fundo de compensação aos atingidos
por grandes instalações elétricas.
" Universalização do acesso à energia, priorizando
os sistemas de energia distribuída.
" Programa de otimização do potencial elétrico
instalado, incluindo programas de redução de perdas
na geração e distribuição de energia; a
repotencialização das hidroelétricas instaladas; e a
promoção de programas de conservação e eficiência
energética.
" Prioridade à produção de energias renováveis
(termosolar, fotovoltaica, eólica e biomassa),
incluindo investimento em pesquisa envolvendo os
institutos nacionais e/ou a cooperação internacional
com transferência de tecnologia para os institutos
nacionais. estabelecimento de mecanismos de
transferência de tecnologia entre os institutos de
pesquisa e a indústria nacional; e alcance da meta
de 10% de produção de energia renovável, através da
distribuição equilibrada entre as fontes eólica,
solar e biomassa.
" Incentivo à redução do uso de combustíveis fósseis
e ao desenvolvimento de combustíveis renováveis como
o biodiesel.
" Promoção da expansão e a recuperação da malha
ferroviária brasileira para o transporte de cargas e
de passageiros.
Outras prioridades:
" Universalização do acesso à energia para a
população brasileira.
" Estabelecimento de metas e padrões menos
intensivos de energia.
" Reavaliação do modelo de transporte brasileiro
urbano e intra-estadual.
" Suspensão dos grandes investimentos em barragens
na Amazônia, usinas térmicas e a carvão e energia
nuclear.
4. GT Comércio e Meio Ambiente
Panorama:
O GT, criado em 2001, tem como objetivo principal
estimular o debate e a participação da sociedade
civil brasileira no tema do comércio internacional,
seus impactos sociais e ambientais; com especial
para as negociações internacionais que visam a
crescente liberalização dos padrões de comércio,
como as que se dão no âmbito da Organização Mundial
do Comércio - OMC e da criação da Área de Livre
Comércio das Américas - ALCA.
Com o objetivo de fornecer subsídios sobre o tema,
com análises e alternativas, após a Rio+10, o GT
elaborou dois estudos de caso sobre produtos
brasileiros voltados para a exportação cuja produção
causa fortes impactos sociais e ambientais: um deles
- realizado em colaboração com o GT Energia, e o
Projeto Brasil Sustentável e Democrático - sobre
produtos com um elevado consumo de energia (como o
alumínio, papel e celulose, etc); e o outro sobre a
criação de camarões marinhos. Atualmente, está em
andamento a realização de um estudo voltado para a
análise do perfil da pauta das exportações
brasileiras, especialmente das transformações
ocorridas nas duas últimas décadas.
Prioridades gerais:
" Aumento da visibilidade aos impactos das
atividades agrícolas e industriais, questionando o
modelo produtivo.
" Questionamento da produção para exportação.
" Ampliação, junto à sociedade brasileira, do debate
sobre as relações entre comércio internacional e o
meio ambiente.
" Acompanhamento dos processos de negociação em
curso, e inserir-se na discussão
internacional sobre comércio internacional.
" Realização de oficinas temáticas com o objetivo de
debater os estudos. Já está prevista para o mês de
agosto a realização de uma primeira oficina para
discutir os estudos sobre energo-intensivos e
camarões.
5. GT Sociobiodiversidade
Panorama:
Na articulação para o PPA, o GT Sócio-Biodiversidade
se reuniu em 2003 para definir posições com respeito
à política nacional de biodiversidade e para
estabelecer um plano de ações. Também já foi
realizada uma reunião entre o GT e a Secretaria de
Biodiversidade e Florestas do Governo Lula, porém
falta definir a participação do GT no discurso.
Outra dificuldade para a realização de ações
concretas é o fato que dentro do MMA, os recursos
financeiros para os programas da biodiversidade (ex.
Programa Pantanal e Mata Atlântica) foram limitados.
A participação mais efetiva da sociedade civil no
Conselho de Patrimônio Genético também está na lista
de demandas do GT. Com relação à legislação, o GT
está pressionando junto a outras entidades e redes
da sociedade civil o MMA para a aprovação do Projeto
de Lei da Mata Atlântica (PL3285/92, transformado em
285/99).
Com respeito à própria estrutura do GT, houve uma
articulação conjunta com o GT Água e a Comissão
Nacional de Áreas Úmidas (Convenção RAMSAR) para
chamar entidades ligadas ao tema e possibilitar a
integração das áreas úmidas no GT
Sóico-Biodiversidade.
Prioridades gerais:
" Efetiva implementação da Política Nacional de
Biodiversidade.
" Aumento da participação de entidades no GT tendo
em vista a emergência de temas em pauta.
" Combate à falta de transparência nas atividades da
biodiversidade.
" Implementação e regulamentação do SNUC.
6. GT Água
Panorama:
Durante a reunião do GT, foi enfatizada a
necessidade da sociedade civil participar e intervir
no Sistema Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos,
na questão do saneamento e nas políticas sociais da
Administração federal. O GT Água do Fboms é
representante das ONGs no Conselho Nacional de
Recursos Hídricos (CNRH). Entre os grandes problemas
enfrentados no debate sobre os recursos hídricos,
estão a privatização da água e a pressão que as
políticas de financiamento exercem sobre esse
processo. Preocupam, também, os mecanismos
internacionais de gestão de recursos hídricos.
O GT Água realizou uma oficina durante o FSM 2003,
na qual se destacou a transversalidade deste tema
com outros, como abastecimento, energia,
alimentação, saúde, etc. A reivindicação da
igualdade de acesso à água leva ao debate da Justiça
Ambiental. O tema água cria também interfaces com
educação, saneamento, ocupação, alimentação, saúde,
etc. Existe transversalidade com o GT Energia na
questão dos recursos hídricos e energia, das
barragens hidrelétricas e bacias hidrográficas; com
o com o GT Florestas na área de abastecimento; e com
o GT Clima no âmbito das secas e mudanças
climáticas.
Propostas gerais:
" Universalização do acesso à água para toda a
população brasileira
" Fortalecimento e capacitação da sociedade civil.
" Produção de conhecimentos e pesquisas sobre
conservação de água, florestas e nascentes.
" Maior interação entre o GT Água e o FONASC.
" Priorização do Sistema Nacional de Gestão dos
Recursos Hídricos
" Fortalecimento de políticas de ações preventivas.
" Fortalecimento da micro-bacia como unidade de
planejamento territorial.
" Elaboração de Plano Estratégico Comum do GT Água
para o Ano Internacional da Água Doce (2003).
" Contribuição para Programa Sede Zero.
7. GT Florestas
Panorama:
O GT Floresta identifica que uma das primeiras
discussões deste ano seria a reconstrução do
Programa Nacional de Florestas com a participação da
sociedade. O GT já encaminhou para o MMA uma
proposta de reformulação e continuidade do Programa.
Em geral, o setor de florestas demanda uma nova
política, porém, ainda não está claro se a definição
da mesma vai ocorrer dentro do Ministério do Meio
Ambiente ou do Ministério da Agricultura. Outro
assunto prioritário do GT é a questão do Código
Florestal e a participação da sociedade civil. O GT
Floresta foi convidado, também, para interagir com o
PPG7. Em uma segunda fase estará interagindo com
outros programas de governo. Nesse sentido, o GT
precisa elaborar propostas de participação de novas
organizações.
Do ponto de vista da transversalidade, o GT
identificou interfaces com energia, água e clima no
âmbito das plantações florestais, interface com o GT
Água na regulamentação do Código Florestal. A
transversalidade com o GT Sócio-Biodiversidade
observa-se no âmbito das resoluções que estão sendo
discutidas no MMA sobre áreas de conservação
permanente. Com o GT Energia, a interface se cria a
partir de projetos de infra-estrutura e energia.
Prioridades gerais:
" Alerta sobre preocupação com monoculturas com
pedidos em andamento (novas fábricas de celulose).
" Maior participação da sociedade civil no
monitoramento dos projetos relacionados a florestas.
" Mobilização da sociedade para combater a forte
pressão da bancada ruralista.
" Apoio à Campanha SOS Floresta.
" Interlocução com a PR pelo setor de florestas
plantadas (através de uma secretaria na PR ou no
Ministério da Agricultura).
" Alerta sobre necessidade de uma Política Nacional
de Florestas Plantadas.
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