Documentos

Ms. Saran Kebet-Koulibaly
Associate Director
Representação do IFC no Brasil
São Paulo - SP


São Paulo, 7 de dezembro de 2006


Prezada Senhora,

as organizações da sociedade civil, reunidas no Grupo de Trabalho sobre Florestas do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais, tiveram a oportunidade de tomar conhecimento dos documentos divulgados no dia 24/11 a respeito do financiamento para a empresa Bertin, relacionado com expansão da atividade pecuária nos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia. Nossos representantes também ouviram as apresentações realizadas em consulta convocada em Brasília no dia 1/12.

Aparentemente, estudos e alguns contatos locais com instituições relevantes foram apenas realizados na sub-região de Marabá (PA), enquanto não aparece qualquer informação ou relato sobre entrevistas e contatos nos estados de Rondônia e Mato Grosso, assim como outras áreas do Pará relevantes. Gostaríamos de esclarecer, de antemão, que a realização de estudos e consultas locais efetivas em toda a área de abrangência do projeto (área que guarda uma considerável diversidade sócio-econômica) deve ser considerada fundamental e condicionante para a credibilidade de qualquer processo de consulta.

Também percebemos que os estudos não incorporaram até o momento uma avaliação do projeto em questão à luz da política vigente sobre pecuária no grupo Banco Mundial e do balanço das emissões de carbono resultantes do projeto, conforme o Banco está realizando em casos semelhantes. Da mesma forma, assuntos críticos como a situação fundiária e a recuperação dos passivos de Reserva Legal carecem de encaminhamentos mínimos.

Também não são apresentados cenários confiáveis e cumulativos a respeito das demais atividades industriais (frigoríficos) que devem operar nos três estados em questão, assim como das relações com os demais atores da cadeia e com os pecuaristas de escala familiar.

Para que as organizações da sociedade civil possam participar, nos três estados e no nível nacional, de consultas efetivas, consideramos necessária a realização de estudos abrangentes e consistentes, pelo menos a respeito dos temas acima indicados.

Quanto à sugestão, recebida por meio de contato do IFC com algumas de nossas entidades, para a realização de novas consultas no mês de janeiro, a maioria de nossos integrantes pondera que tratar-se-ia de um período não ideal para uma atividade de cunho participativo; contudo, reafirmamos que a questão crítica reside na disponibilidade de estudos abrangentes e consistentes, em tempo hábil para análise, mais que no período das consultas.

Ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais.

Em nome do GT Florestas do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para meio Ambiente e Desenvolvimento, atenciosamente,


Roberto Smeraldi
Diretor, Amigos da Terra - Amazônia Brasileira


Integram o GT:

Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
Centro de Trabalhadores da Amazônia - CTA/AC
Comissão de Meio Ambiente da CUT
Comissão Pastoral da Terra - CPT Xingu
Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional - FASE
Fundação CEBRAC
Fundação Pró-Natureza - Funatura
Fundação Vitória Amazônica - FVA
Fundação SOS Mata Atlântica

Greenpeace

Grupo Ambientalista da Bahia - GAMBÁ
Grupo de Trabalho Amazônico - GTA (rede de 603 entidades locais)
Instituto Centro de Vida - ICV

Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e Florestal - IMAFLORA
Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM
Instituto Socioambiental - ISA
Rede de ONGs da Mata Atlântica (rede de 256 entidades locais)
Vitae Civilis - Instituto para Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz
WWF Brasil