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20 anos da tragédia de Chernobyl: Energia nuclear não! (26/04/2006)

Vinte anos após a explosão da usina nuclear de Chernobyl na Ucrânia, que deixou milhares de mortos e milhões de contaminados, o FBOMS vê com preocupação a retomada de discussões em nível nacional e em vários outros países sobre a possibilidade de geração de energia nuclear.

O cenário nacional está caracterizado pela possibilidade do Governo Federal dar continuidade, através do Plano Decenal de Energia Elétrica apresentado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), ao Programa Nuclear Brasileiro e construir a usina de Angra 3 que gastaria mais de 7 bilhões de reais de dinheiro público, além de mais seis usinas atômicas de pequeno e médio porte, um submarino nuclear e uma central de enriquecimento de urânio. As usinas nucleares de Angra 1 e 2 já custaram à sociedade brasileira mais de R$ 54 bilhões e geram apenas 2% da energia produzida.

Identificamos que os maiores beneficiários da tecnologia nuclear são as grandes empreiteiras e as empresas do lobby nuclear e os maiores prejudicados a população do entorno e o meio ambiente, que terá de abrigar os resíduos nucleares ativos por milhares de anos. Vários países estão em processo de abandonarem definitivamente os seus programas nucleares para investir fortemente em energias limpas, seguras e renováveis.

O uso da energia nuclear é desnecessário e perigoso. O risco de acidentes nas usinas pode ter conseqüências desastrosas sobre a saúde humana e o meio ambiente, por milhares de anos. Os reatores nucleares geram grandes quantidades de lixo radioativo, que precisam ficar sob vigilância por milhares de anos. Não disponhamos de técnicas hoje pelo armazenamento seguro do lixo nuclear. Na região de Chernobyl os efeitos da explosão estão afetando até hoje os os milhões de moradores e vão afetar os seus filhos, netos e bisnetos. A radiação afeta o sistema imunológico e provoca doenças no sangue e no aparelho respiratório e foi diagnosticado número elevado de anomalias em fetos. Várias organizações não-governamentais no mundo inteiro estão contestando o número divulgado no ano passado pela Agência Internacional de Energia Nuclear, que previa um máximo de 4 mil casos fatais decorrentes do acidente. Este número poderá ser bem mais alto que estimado.

Os defensores da energia nuclear querem colocar os ambientalistas frente a um dilema falso: Ou grande hidrelétrica ou energia nuclear. Estamos convencidos que as nossas necessidades energéticas podem ser atendidas com fontes de energia renovável, com investimentos em tecnologia limpa, eficiência energética e geração descentralizada de energia. Defendemos o amplo estímulo à pesquisa e implementação de projetos de geração de energias renováveis como eólica, biomassa e solar na nossa matriz energética.

Diga não à energia nuclear. Diga não a Angra-3. Aprendamos com a lição de Chernobyl.

Temístocles Marcelos
Secretário-Executivo do FBOMS
Coordenador da Comissão Nacional do Meio Ambiente da CUT

Renato Cunha
Coordenação do FBOMS

Adilson Vieira
Coordenação do FBOMS