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Seminário do GT Comércio e Meio Ambiente

Data: 6 e 7 de agosto de 2003
Local: Golden Park Hotel - Rio de Janeiro

RELEASE

GT Comércio e Meio Ambiente realiza seminário

O GT Comércio e Meio Ambiente realizou mais uma oficina, no começo de agosto, no Rio de Janeiro: "Comércio internacional, seus impactos sociais e ambientais: os casos do agronegócio do camarão e dos produtos intensivos em energia". Nela, foram apresentados e debatidos com seus autores, três estudos realizados para subsidiar as atividades do GT.
A apresentação de O caso da carcinicultura no Brasil e na América Latina: o agronegócio do camarão (realizado por Pedro Ivo Batista e Soraya Tupinambá) ilustrou, de forma exemplar, a trilha de insustentabilidade que uma atividade -fortemente voltada para as exportações - pode percorrer. Desde meados da década de 90 a criação de camarão vem crescendo de maneira vertiginosa como conseqüência de uma política de desenvolvimento e incentivo a essa indústria pautada na lógica do agronegócio exportador. Nesse percurso, ela para trásgera enormes passivos ambientais, dívidas sociais e ecológicas e que, decididamente, não se incorporam aos custos ou balanços contábeis das empresas envolvidas na lucratividade sempre crescente que a atividade proporciona.

O segundo estudo apresentado na oficina (A exportação brasileira de produtos intensivos em energia: implicações sociais e ambientais, de Célio Bermann) teve como objetivo avaliar as implicações sociais e ambientais do atual perfil industrial brasileiro, baseado na exportação de produtos de elevada intensidade energética (as indústrias de cimento, ferro-gusa e aço, ferro-ligas, não-ferrosos e outros da metalurgia, química, papel e celulose). Tratam-se de processos produtivos que consomem energia de forma significativa, colaborando para a pressão sobre os recursos naturais, ao mesmo tempo que o número de postos de trabalho criados por unidade de energia consumida se contrapõe à retórica da "geração de empregos", comumente utilizada por essas empresas.
O debate posterior entre os participantes apontou para a necessidade de formulação de uma política industrial no Brasil, no âmbito das políticas públicas, que possam reverter este atual quadro que associa alto consumo energético com baixa geração de emprego. Avaliou-se que a discussão sobre quais são as necessárias mudanças para reestruturar as bases produtivas da sociedade não está na pauta do atual governo. Se faz urgente colocar essas questões na atual agenda governamental. Nesse sentido, é de fundamental importância realizar uma ação integrada entre os diversos GTs do Fórum.

Na realidade, como demonstrou claramente Reinaldo Gonçalves na sua palestra sobre as exportações brasileiras: tendências e impactos, a política governamental tem sido orientada pela meta de megas mega-superávites na balança comercial, que servem para compensar o enorme déficit da conta de serviços (principalmente, pagamento de juros da dívida externa). E mais ainda: no conjunto dos principais produtos exportados pelo Brasil, a pauta continua fortemente fortemente marcada por produtos primários ou com baixo grau de processamento, e com elevada intensidade de recursos naturais. Os destaques são minério de ferro, soja, carne, café, pasta de madeira, açúcar e fumo.

O resultado mais direto desse tipo de ajuste tem sido o desempenho medíocre da economia brasileira, que se caracteriza, entre outros fatores, por baixas taxas de crescimento econômico, aumento do desemprego e fortes impactos socioambientais.

A íntegra das versões preliminares destes documentos pode ser obtida em
www.rebrip.org.br