O GT de Integração é do FBOMS, da Rede Brasil sobre Instituições
Financeiras Multilaterais, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), e de
Rede Brasileira pela Integração dos Povos (Rebrip). Nasceu como conseqüência das
preocupações em torno dos grandes projetos de infra-estrutura financiados pelas
Instituições Financeiras Multilaterais (IFMs) e do modelo de integração e
desenvolvimento proposto através da Iniciativa de Integração de Infraestrutura
da Região Sul-americana (IIRSA).
Desde janeiro de 2003, o governo brasileiro implementa na América Latina e no
Caribe uma agenda de ações para tornar a região um espaço geopolítico e
econômico, sob a liderança do Brasil, com algum poder de barganha ante os três
principais blocos econômicos já desenhados no espaço mundial: o Nafta, a União
Européia e um bloco asiático encabeçado pela China e Japão. Esta lógica, porém,
passa ao largo das organizações da sociedade e se restringe aos mesmos círculos
potentados, que no passado recente produziram grandes obras em série, com enorme
impacto ambiental, sem que se tenha alterado a exclusão estrutural de enormes
faixas da população.
Um exemplo é a Iniciativa para a Integração da Infra-Estrutura Regional
Sul-Americana (IIRSA), que desenvolve projetos na área de energia, transportes e
comunicações e que pretende ser o novo marco ordenador e especializador do
espaço continental. A IIRSA foi estabelecida em 2000, durante o governo FHC, e
prosseguiu na presidência Lula. Suas obras atendem principalmente ao complexo do
agronegócio instalado no Centro-Oeste e no Norte do Brasil, que precisa dos
portos do Pacífico para exportar sua produção aos mercados ascendentes da China.
Esses grandes projetos – estradas, canais, gasodutos – com freqüência atravessam
reservas naturais ou comunidades indígenas, sem levar em conta as necessidades
específicas dessas pessoas e dessas regiões. A iniciativa conta com
financiamento público de órgãos como BNDES, Corporación Andina de Fomento,
Fonplata, BID etc.
A IIRSA foi concebido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento(BID) em um
momento de extrema vulnerabilidade econômica dos países da região e de ainda
maior subserviência dos Governos de plantão. Essa “Iniciativa de Integração” em
tais moldes de gestão e de provimento financeiro, serve para multiplicar
plataformas de exportação no continente. Vitoriosa a estratégia de integração
passiva, a América do Sul estaria condenada a uma função de provedora mundial de
insumos naturais e de manufaturados de baixo valor agregado, sem que fosse
modificada a estrutural concentração de rendas e riquezas que tem caracterizado
a região. O desenvolvimento reflexo, caudal e acessório que está embutido no
conjunto de obras de infra-estrutura a ser cofinanciado, equivale uma chantagem
fora de hora e lugar. Podemos planejar e definir de forma muito mais soberana e
democrática a infra-estrutura que necessitamos para aprofundar nossa integração,
se formos capazes de forjar um Banco regional de fomento, de caráter público, e
agências de planejamento correspondentes.
Foi da crítica acumulada pelo FBOMS, Rede Brasil, REBRIP, e Rede de Justiça
Ambiental, em ampla coalizão com redes da América Latina, dos EUA e da Europa, à
atuação territorialmente seletiva das transnacionais e aos grandes projetos de
infra-estrutrura financiados pelas IFMs, que surgiu a proposta de fundo, que
orienta o presente projeto. Trata-se do questionamento frontal da priorização
dada à integração econômica sobre a integração social e a incorporação destas
duas na perspectiva do desenvolvimento integrado da América do Sul, orientado
pelos valores da eqüidade de gênero, raça e etnias, além do equilíbrio
socioambiental.
É a partir da crítica à forma anti-democrática que a IIRSA vem se desenvolvendo,
e utilizando o acúmulo que nossas organizações têm demonstrado na definição de
valores que orientem um projeto novo de desenvolvimento, com a proposta de
estimular uma integração regional que se oriente pela cooperação e solidariedade
– e não se limite a mera operações comerciais –, voltada prioritariamente para
atender às necessidades das regiões em que projetos econômicos são implantados,
além das demais regiões das nações envolvidas, é que propomos a pesquisa de
formas alternativas para a integração plena dos países da América do Sul, com
radical participação dos vários setores das sociedades impactadas.
Um modelo alternativo de integração regional precisa incorporar as demandas e a
participação dos novos atores da democracia, como os movimentos das populações
tradicionais e indígenas, ambientalistas e os sindicatos. Essa abordagem deve ir
além do comércio e incorporar políticas de regulação dos monopólios e de
proteção contra o comércio desleal, cooperação na área social, com ganhos para
educação, saúde e temas semelhantes, desenvolvimento de novas especializações em
setores de alto valor agregado, com base no acúmulo de capacitação tecnológica e
na formação de núcleos endógenos de inovação.
A estratégia de atuação do GT fundamenta-se nos seguintes temas:
Infra-estrutura;
Comércio;
Reforma do Estado – marco regulatório;
Objetivos:
Monitorar, informar, capacitar e fortalecer posicionamentos críticos sobre a
atuação dos bancos multilaterais, dos bancos públicos do setor privado e do
Estado brasileiro nas iniciativas de integração e o fortalecimento e construção
de alternativas de integração continental sustentáveis e de interesse dos povos.
Atividades em 2006
Reuniões do GT;
Consulta constante aos membros do GT através do grupo de discussão virtual;
Participação em outros grupos de discussão virtual à nível regional sobre a
IIRSA e temas relacionados;
Realizar reuniões de trabalho com membros do GT e outras organizações e
profissionais interessados na questão de integração e desenvolvimento para
elaborar estratégias mais concreta de inserção social, monitoramento e análises
à nível regional;
Divulgação das atividades e posicionamento do GT nos sites e na mídia;
Cobertura de eventos pela assessoria de comunicação
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